Psicanálise com crianças
Na psicanálise com crianças, a criança é um sujeito, e é importante lembrar que o objeto da psicanálise é o sujeito, ou seja, o inconsciente, atemporal e estruturado como linguagem. Sendo assim, a psicanálise atende crianças, e para isso usa o brincar, que está relacionado com a criatividade da criança. Onde a criança vai experimentando o seu estar no mundo. Por meio do brincar a criança vai desenvolvendo o encontro com o outro, possibilitando realizações de desejos, reproduzindo e criando momentos importantes da vida, que aponta para o sujeito.
A psicanálise infantil, busca tratar a criança como ser dotado da capacidade de constituir sua própria demanda clínica, desde que “promovida a um lugar de sujeito, no desenlace da escuta, da palavra e do brincar”.
O profissional analista que atua na Psicanálise Infantil pode trabalhar com a criança para identificar padrões de comportamento e pensamento que possam estar causando os problemas emocionais, e ajudá-la a encontrar formas saudáveis para lidar com esses padrões.
Para Freud, o brincar pode ser comparado ao trabalho criativo dos escritores, aos sonhos e às fantasias, articulado a um desejo oculto como as demais formações do inconsciente. As crianças inventam a realidade brincando; o ato de brincar institui um espaço gerador de desejo. Freud (1908/1980)
Winnicott, acreditava que o brincar é um espaço transicional, no qual a criança pode explorar a realidade sem as restrições do mundo externo e sem as pressões internas, possibilitando que a criança quebre as barreiras da realidade, e viva a experiência do brincar de forma criativa.
Melanie Klein não pensava que a sua seleção de brinquedos era a única possível. A criança também podia trazer para sessões seus próprios brinquedos ou criar brincadeiras espontaneamente. Ela ainda sugeria que cada criança em tratamento tivesse uma gaveta particular para guardar seus brinquedos, ou seja a criança pode ser criativa em seu brincar.
Para Françoise Dolto (2007), é no brincar que a criança expressa e comunica todos os seus desejos e suas emoções. Quando o adulto não corresponde a esta comunicação (seja verbal ou não-verbal), há um desequilíbrio na harmonia psicossocial da criança que irá repercutir nos próximos anos.
O brincar, para a criança, é onde ela pode expressar seus sentimentos e angústias, usar sua criatividade e interagir com a sua realidade. Seus desejos podem ser comunicados por meio das brincadeiras, e é uma forma de espontaneidade que permite à criança encontrar soluções inovadoras para lidar com os desafios impostos pela vida.
Karina Statuti
Psicanalista e Psicopedagoga