Segundo Frederico Seewald, no capitulo 39, Fundamentos Psicanalíticos com Crianças e Adolescentes, do livro Fundamentos Psicanalíticos Teoria, Técnica e Clínica, o uso da terapia de psicanalise em crianças e adolescentes é possível e viável desde que sejam respeitados e utilizados os mesmos protocolos de conduta das teorias psicanalíticas dos autores e pesquisadores da área da Psicanálise, levando sempre em consideração a realidade vivida destes indivíduos, com o auxílio e colaboração de seus responsáveis, ou seja, seus pais, sendo que os mesmos também devem ser ouvidos para que as sessões de terapia possam ser analisadas na amplitude das histórias de vidas de todos os envolvidos.
Seewald relata que em suas experiências de atendimentos com crianças e adolescentes, a escuta e analise dos fatos vividos entre os familiares são primordiais para que a terapia transcorra da melhor forma possível, já que esses pequenos indivíduos tem uma história a ser contada antes mesmo de seu nascimento.
Frederico Seewald discorre também sobre vários autores que pesquisaram “A PSICANÁLISE DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES” chegando até a se perguntar se ela existe. Porém, é Melanie Klein, psicanalista austríaca, que atuou na Inglaterra a partir dos anos de 1930, uma grande seguidora de Freud, que aprofunda os conceitos de Freud em sua clínica psicanalítica infantil, ganhando o título de particularidade e fundando uma das importantes escolas psicanalíticas inglesas, a escola kleiniana.
Melanie Klein aborda a importância do método analítico de aproximação, onde o brincar implicava na expressão de fantasias, desejos, e que, portanto, era impregnado de significados e simbolismos, possibilitando o uso do mesmo.
Segundo Klein, sua teoria se fundamenta à partir da infância mais primitiva, das fantasias inconscientes, que se fazem presentes logo após o nascimento do bebê e do seu primeiro contato com o mundo externo, bem como na teoria do caráter inato, no qual desenvolve-se a personalidade através das pulsões de vida e de morte, em associação com as relações objetais. Em sua pesquisa sobre as neuroses infantis, Klein transmite a importância do estudo da complexa psique do bebê, já desde os seus primeiros dias de vida. Seu conteúdo psicanalítico rico e análise aprofundada só pode ser comparada à obra de Sigmund Freud. Klein propôs estudar e compreender a psique infantil tão povoada de angústias e a desvelar esta fase que é, na teoria psicanalítica, fundamental e responsável pela construção psíquica do indivíduo.
Melanie Klein tem como conceito o desenvolvimento infantil, através das posições esquizo-paranóica e depressiva. O termo posição é utilizado por Klein não como estágio ou fase que passa e evolui para uma próxima, mas como elemento presente na infância e ao longo de toda a vida e que, nos anos iniciais, é responsável por demarcar a relação com o objeto, as ansiedades, angústias e defesas. O conceito dos mecanismos de defesa como a clivagem, a identificação projetiva, entre outros, e os estudos sobre a psique infantil elaborados por Klein servem de base para compreender, elaborar e fundamentar diversas psicopatologias e transtornos da personalidade.
Karina Statuti
Psicanalista clínica
Referência bibliográfica
ZIMERMAN, D. E. Fundamentos Psicanalíticos [recurso eletrônico]: Teoria, técnica e clínica. Porto Alegre: Artmed, 2007.
Editado também como livro impresso em 1999.
ISBN 978-85-363-0814-2