Reflexão:
– A angústia existencial aumentou?
– Por quê?

Pinóquio deseja ser um menino de verdade; porém para ser um menino de verdade precisa parar de mentir. Pinóquio ou Pinocchio (em italiano) é um personagem muito famoso do romance “As Aventuras de Pinóquio” escrito por Carlo Collodi em Florença no ano de 1881. O nome Pinocchio é uma palavra típica do italiano falado na Toscana e significa pinhão (em italiano padrão seria pinolo). Esculpido a partir do tronco de uma árvore por um entalhador chamado Gepeto, Pinóquio nasceu como uma marionete de madeira. Porém Pinóquio ganha vida, alguns dias depois, durante a noite, a Fada Azul foi visitar o boneco de madeira e lhe deu vida. Pinóquio, agora capaz de falar e andar, agradeceu imensamente a Fada Azul porque o solitário Gepeto teria com quem conversar. Agora Pinóquio, que antes era apenas um pedaço de madeira, pode falar.

O conto “O Mito de Pinóquio” nos remete a uma importante fase do desenvolvimento da personalidade humana. A perda da ingenuidade. Pinóquio era uma marionete, incapaz de agir por si próprio. O menino de madeira conhece então o ‘Grilo Falante’ que chama a atenção dele, O Grilo simboliza a consciência (ego), ele faz aquele barulho chato e incômodo que nos traz para a realidade, porém Pinóquio ainda não estava pronto para tomar consciência, ainda era necessário passar por uma série de provas. Sendo assim Pinóquio, e os seres humanos em geral, usam os mecanismos de defesa, que seriam as “proteções” para não entrar em contato com o nosso “Eu” verdadeiro.

Na verdade, temos dificuldades de lidar com várias situações da nossa realidade, acabamos evitando enfrentar os problemas, isso nos causa muita angústia, e optamos pela sublimação que é bom para a sociedade, porém ruim para nós mesmos. A sublimação nos leva a pulsão de morte, que para Freud, a pulsão é como um conceito que se situada na fronteira entre o mental e o somático, como sendo um representante psíquico dos estímulos que se originam no corpo, e dentro do organismo alcançando a mente, sendo uma medida da exigência feita à mente no sentido de trabalhar em consequência de sua ligação com o corpo.

Sigmund Freud diz que a pulsão não está dentro do aparelho psíquico, e sim entre este e o somático, num limite entre os dois. As pulsões tem características mutáveis, fluidas e flexivas, buscam gratificação em forma de respostas, ou seja, gratificação em forma de prazer. Quando a pulsão é inibida, se gasta muita energia, resultando em cansaço, aborrecimento, ansiedade e angústia.

Freud acredita que a angústia é uma forma de explicação para o recalque, então acontece as vivências desagradáveis. Estados traumáticos, excessivos, estimulação e desamparos vividos; reproduções das dores sofridas durante a vida, nos levam a repulsa do objeto. Freud chama esse processo de defesa primária ou recalcamento, sendo assim temos a angústia que nos leva ao recalcamento. Nesses momentos usamos os mecanismos de defesa; mas os mecanismos de defesa acabam torcendo nossa realidade para que momentaneamente nos sintamos melhor. A terapia vem para nos ajudar a enfrentar a realidade.

Para Sigmund, as pessoas podiam ser tratadas tornando conscientes seus pensamentos e motivações inconscientes, obtendo assim percepção. O objetivo da terapia psicanalítica é liberar emoções e experiências reprimidas, ou seja, conscientizar o inconsciente. É ter uma experiência libertadora de cura, para que o indivíduo possa ser ajudado. Na psicanalise poderemos por meio da terapia fortalecer o Ego, que então passará a tomar decisões conscientes, tendo autonomia do Eu, e construindo a auto responsabilidade.


Karina Statuti | Psicanalista

Referência bibliográfica
ZIMERMAN, D. E. Fundamentos Psicanalíticos [recurso eletrônico]: Teoria, técnica e clínica. Porto Alegre: Artmed, 2007.
Editado também como livro impresso em 1999.
ISBN 978-85-363-0814-2